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O que é Variação de Custos Médico-Hospitalares (VCMH)?

09 junho, 2021

A Variação de Custos Médico-Hospitalares (VCMH) é o termo que pode assustar gestores de empresas que lidam diretamente com a administração de benefícios de saúde, justamente por representar uma parte dos reajustes nos contratos com as operadoras.

O conceito do VCMH é complexo, porque na variação de custos não está inclusa apenas a variação do preço dos serviços contratados, mas também a variação da demanda e da complexidade dos gastos (perfil dos tratamentos, ampliações de rol, novos pacotes de serviços, etc).

No artigo de hoje falaremos sobre o que é, de fato, o VCMH, qual é a sua importância e como utilizá-lo. Confira a seguir:

O que é, de fato, a VCMH?

O VCMH nada mais é do que o índice, medido pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), que representa o percentual de variação das despesas médico-hospitalares per capita para um conjunto de operadoras de planos e seguros de saúde.

Historicamente, a Variação de Custos Médico-Hospitalares sempre varia acima da inflação oficial, tanto no Brasil quanto em países como os Estados Unidos ou em membros da União Europeia. Ou seja, se trata de um fenômeno mundial.

Essencialmente, são quatro os itens considerados para a obtenção do índice. Acompanhe quais são:

Custos das operadoras

A análise dos custos das operadoras de planos de saúde é feita por meio das variações expressas em consultas, exames, terapias e internações. Em dezembro de 2013, por exemplo, entre os grupos de procedimentos analisados pelo VCMH, o item  Internações foi o responsável pela maior parte dos gastos das operadoras,  responsável por 61% do custo, seguido pelos grupos de exames complementares (15%), OSA e “outros” (10%), consultas (9%), seguidos por terapias (5%).

Período de apuração

A cada apuração são considerados 12 meses em relação aos 12 meses imediatamente anteriores

Por exemplo, para fazer o cálculo do VCMH de dezembro de 2020, foi necessário medir a variação das despesas do ano de 2020 comparadas com as de 2019. O mesmo valerá para dezembro de 2021.

Amostra

Nesse cálculo, se considera uma amostra de aproximadamente 10% do total de beneficiários de planos individuais (antigos e novos) distribuídos em todas as regiões do país.  

Ponderação

O índice VCMH considera uma ponderação por padrão de plano (básico, intermediário, superior e executivo), o que possibilita uma mensuração mais exata da Variação do Custo Médico-Hospitalar. 

Isso significa que, se as vendas de um determinado padrão de plano crescerem muito mais do que as de outro padrão, isso pode resultar em uma VCMH maior ou menor do que o índice real, o que pode subestimar ou superestimar a VCMH.

A importância da VCMH

A Variação dos Custos Médico-Hospitalares é o mais importante indicador utilizado pelo mercado como referência sobre o comportamento dos custos no sistema de saúde suplementar. 

Internacionalmente, o termo “Variação do Custo Médico-Hospitalar” é pouco utilizado, sendo mais comum a “inflação médica”. No entanto, é importante ressaltar que a VCMH não é comparável com outros indicadores econômicos mais conhecidos, como o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA), que detecta a inflação geral do País. 

Isso se deve porque a inflação medida pelo IPCA avalia a variação dos preços de uma cesta de produtos, enquanto que o VCMH varia em função tanto do aumento dos custos dos serviços de saúde quanto da frequência de utilização de consultas, exames e outros procedimentos. 

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Como utilizar a VCMH

Além dos custos dos serviços de saúde (consultas, exames, terapias, etc.), o cálculo do indicador também leva em consideração uma série de outros fatores, como envelhecimento da população, desperdícios, cenário econômico e, as de maior peso, internações e incorporações de novas tecnologias.

A transição demográfica brasileira, por exemplo, é um grande ponto de atenção. A tendência de envelhecimento da população é irreversível e tem um peso significativo na utilização dos serviços de saúde, em especial nas internações. 

Segundo estudo de 2018 da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), em três anos, a parcela de beneficiários acima de 80 anos foi a única que cresceu, 62%, ao mesmo tempo em que uma parcela significativa de jovens saiu. 

Essa desproporção causa um desequilíbrio no sistema, uma vez que idosos geram mais despesas assistenciais, resultando em até 7,5 vezes mais os custos em exames complementares e 6,9 vezes mais de despesas com internações.

Por isso, é muito importante aplicar medidas que amenizem o impacto desse tipo de mudança demográfica, como programas de gestão de saúde voltados para doenças crônicas, que geralmente acometem os idosos, além do incentivo de um acompanhamento profissional multidisciplinar.

Medidas como essas ajudam a controlar outro ponto importante para o cálculo de VCMH, que são os desperdícios no sistema de saúde privada. Segundo o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), eles provocaram, em 2017, a perda de R$28 bilhões. Fraudes, falta de transparência e eficiência são os principais motivos que colaboram com essa realidade. 

Enquanto o setor de saúde pública possui um teto de orçamento que limita o acesso da população aos serviços prestados (resultando em filas), a saúde suplementar só conta com a barreira de reajuste de mensalidade, que busca equilibrar as despesas.

Por outro lado, a incorporação de novas tecnologias também contribui para gerar mais despesas, com aquisição, manutenção e mão de obra altamente especializada. Além disso, não há sistemas de análise de custo e efetividade para o uso de tecnologias em saúde, que acabam sendo adotadas sem a devida regulamentação.

Os responsáveis pela administração de contratos coletivos de planos de saúde muitas vezes não sabem que dá para calcular a VCMH da sua empresa para se antecipar. Dessa forma, é possível se preparar para um grande ou pequeno reajuste impactado pela VCMH verdadeira da população daquela empresa.

Conhecer a própria VCMH é uma arma importantíssima na hora de planejar a gestão de planos de saúde. Isso porque ela é um dos gatilhos para a revisão de preços dos contratos.O outro gatilho é a sinistralidade. Ou seja: se uma operadora prevê gastar 70% de sua receita com sinistros, mas gasta 80%, vai imputar essa diferença no reajuste.

Gestores que conhecem sua VCMH têm condições de contra-argumentar diante de uma proposta de revisão que não apresente argumentação técnica ou contraproposta de gestão ou mitigação por parte da operadora – assim, a negociação fica equilibrada e não unilateral, com apenas a operadora dando as cartas.

Cálculo de VCMH

Os cálculos da VCMH seguem a metodologia adotada pela ANS e representam a variação em um período de 12 meses relativa aos 12 meses imediatamente anteriores.

De forma geral, as operadoras/seguradoras calculam seu VCMH da seguinte maneira:

Custo R$ / Receita R$ = Sinistralidade

O índice de sinistralidade ideal é inferior a 70%, que já corresponde ao break-even médio dos contratos.

Leia também: VCMH e reajuste: o que esperar em 2022

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